Os pretos, as mulheres e os viados viraram crianças! Num mundo de homens heteros brancos é mais fácil sentir dor quando a carne não tem cor ou sexualidade definida. Quando crianças sangram na tela, a dor dói nas gavetas, nos segredos de todos.
É óbvio que há o interesse evangélico de jogar o Papa e padres na sarjeta. Eu, particularmente, acho merecido. Mas nenhum pastor é cordeiro neste inferno, nem rabinos, pais-de-santo ou qualquer "sacerdote" de qualquer religião que usa deuses para vampirizar poder.
Padre ou pastor são bois de piranha, só desviam a atenção dos mesmos atos cometidos por primos, por pais, por tios, por irmãos, por padrastos, por vizinhos ou a qualquer lobo mau real, que devora carnes pelo poder, em silêncio, no medo.
Tratar-se padres como se fossem os seres mais demoníacos, como se a pedofilia fosse um crime anormal e raro é cretinice. Nunca foi! É tão normal como acordar. A questão é como tratar um ato que ultrapassa todos os limites de raça, religiões e culturas.
E nem precisa ser criança para se ter a carne seqüestrada. É uma questão de poder, medo e vergonha. Vivemos em uma humanidade doente sexualmente, poucos sabem o que é o prazer sem neuroses.
O sexo, que deveria ser um momento de libertação, transformou-se numa batalha de seres inseguros que nem sabem onde querem chegar. Como se pode dar prazer ao outro quando nem eu sei onde está o meu?
Quase todos somos platéias viciadas de filmes pornôs ou de homéricos contos eróticos de amigos. Um mundo de homens e mulheres vergonhosos por seus paus e peitos pequenos, disputando com homens e mulheres que escondem suas grandes vantagens, timidamente.
Como relaxar no meio de tanta crueldade? Poucos entendem que sexo bom, às vezes, nem é tão sexo! Talvez se toda essa neurose não fosse construída ninguém precisaria ser espancado num lustre, vestido em couro de cabras albinas, criadas por freiras manetas da Mesopotâmia.
Quem sabe o mundo fosse melhor, se lembrássemos que somos tão animais como os peixes que devoram ( pela boca) os filhotes, por puro instinto. Meu respeito e minha insegurança em relação à humanidade está no limite em que me reconheço como um animal.
Eu acredito em Deus para dar um sentido nobre à minha existência, e mesmo sabendo que a possibilidade Dele não existir seja óbvia, continuo acreditando. Deus é a melhor invenção dos macacos, e, embora, Ele seja a maior prova da nossa ignorância, eu rezo!
Se existir um inferno, sei que irei para lá. Quem sabe seja um lugar verdadeiro, de gente que arriscou acreditar em suas loucuras. Nunca busquei um mundo perfeito, só quero ficar à vontade e me divertir com pessoas que sabem rir de si mesmo.
Amém.